Vó Elisa nasceu no dia 11 de fevereiro de 1.888. Filha da parteira Afra Tereza. De tanto acompanhar a mãe, aos 20 anos já fazia partos sozinha.
Segundo a sua filha Maria Leopoldo (também parteira), Vó Elisa realizava, em média, de 1 a 2 partos por dia. Apesar de raro, houve ocasião em que ajudou a vir ao mundo até 4 crianças, num só dia.
Por mais de 60 anos fez partos em Guidoval e nas cidades vizinhas, principalmente em Ubá e Visconde do Rio Branco.
Não se sabe ao certo quantos partos foram feitos pela Vó Elisa, mas pode-se calcular em números superiores a onze mil.
Além do parto, cuidava do resguardo das mães, providenciando a canja e o repouso necessário. Se preciso fosse, até brigando com os maridos mais insensíveis.
Casou-se por duas vezes. O primeiro marido chamava-se Jeremias Marcelino Dias, o segundo era conhecido por Sô Nicolau.
Teve 13 filhos, 22 netos e 35 bisnetos.
Gostava de festas, Ia a bailes com o marido. Festeira, com freqüência, ia e promovia festas em sua casa.
Era chamada para fazer doces e jantares. Exímia na arte do croché.
Dos partos curiosos, um ficou marcado para sempre. Um bebê natimorto contendo duas cabeças. Foi preciso chamar um médico para separar as cabeças.
Algumas vezes atendeu a parturientes "andarilhas" que passavam por Guidoval.
Católica praticante, quando morava na roça ,entristecia o fato de às vezes não ter dinheiro para o dízimo.
Certa vez, indo à missa na cidade, viu uma galinha chocando uma ninhada de 12 ovos. Não titubeou. Recolheu os ovos e os vendeu, levando o valor apurado como dízimo para a igreja. Depois lhe bateu um arrependimento e foi se confessar ao Padre. Este lhe indagou se ela tinha usado o dinheiro da venda para outros fins além do doado como esportula à igreja. Como não havia feito isto, ao padre respondeu " se alguém tivesse culpa seria a igreja".
Viveu mais de 84 anos, falecendo no dia 03/101972. É, sem a menor dúvida, umas das personalidades mais importantes na história da cidade de Guidoval.